Internet pela rede elétrica



Os jornais brasileiros noticiaram que a Anatel está regulamentando no país o uso da Internet de banda larga via rede elétrica, enquanto a Aneel já estuda o assunto para criar regras de exploração do serviço. Funciona como uma TV a cabo: o provedor libera o sinal e o mesmo "viaja" pelos fios até a casa do internauta. Basta ligar na tomada um aparelhinho, como se fosse um modem, e pronto. O nome da tecnologia é Broadband over Power Lines (BPL) ou Power Line Communications (PLC).

A novidade aumentará o acesso à internet, principalmente para aqueles brasileiros que vivem em cidades muito distantes dos grandes centros e não têm rede de telefonia fixa. Ponto positivo. No entanto, como sempre ocorre quando o tema é o mundo virtual, o assunto precisa ainda ser bastante explorado. Existem questões que ainda não foram esclarecidas! Vamos a algumas delas:

- O primeiro teste dessa tecnologia foi realizado em 2001 no Brasil. As reportagens desta semana informaram: "O sistema já está sendo testado em Barreirinhas no Maranhão; em Goiânia; em São Paulo; em Santo Antônio da Platina, no Paraná; e em Porto Alegre. Esse "já" dá a impressão de "recentemente", o que não é verdade. Há anos, empresas como Cemig, Chesf, etc, vem estudando a tecnologia. Em Barreirinhas, porta de entrada para os belíssimos Lençóis Maranhenses, o estudo está sendo conduzido pela japonesa Panasonic.

- Seu aspirador de pó, seu liquidificador, sua TV ou a sua máquina de lavar roupa podem interferir e atrapalhar a sua "internet elétrica" e vice-e-versa. Segundo especialistas, os fios da rede elétrica funcionam como um radar, captando sinais de outros aparelhos, o que pode corromper a transmissão de dados virtuais, assim como a própria internet pode interferir na freqüência de outros aparelhos.

Uma reportagem da Agência Brasil, porém, afirma que "ao autorizar o acesso à internet banda larga por meio da rede elétrica, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estabeleceu uma série de normas para que o sistema não cause interferência prejudicial em outros serviços". Mais a frente, acrescenta que "os sistemas deverão dispor de mecanismo que possibilite o desligamento remoto, a partir de uma central de controle, da unidade causadora de interferência prejudicial." Quê??? Sinceramente, não entendi. Se o meu liquidificador começar a interferir na transmissão de dados da minha internet elétrica, o próprio sistema vai interromper remotamente a execução do meu suco???

- A segurança da internet via rede elétrica ainda é questionável. Sem confirmar uma invasão ao sistema, o governo americano afirmou neste mês que a rede elétrica do país enfrenta um crescente risco de ataques cibernéticos e que eles estão trabalhando para diminuir as vulnerabilidades da tecnologia. Se lá na terra do Tio Sam, eles admitem que não conseguem manter o sistema sob controle, aqui como vai ser?

- A União Européia planejou usar o PLC a partir de 2006 e não cumpriu o cronograma. Por quê? Existe um projeto na União Européia de implementar o PLC em todo o continente (o Projeto Opera), mas originalmente o cronograma previa essa instalação até 2006, o que, até agora, não ocorreu. O que será que está dando errado?


Enfim, para variar, existem diversos pontos de interrogação sobre o uso e as vantagens e desvantagens da internet elétrica. Mais um: as concessionárias de energia elétrica estão preparadas para administrar o tal serviço? Ai, ai...

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